Lucro praticamente dobrou em 2020, se excluídos os créditos tributários que inflaram o resultado do ano anterior

Os negócios da família Steinbruch vão bem, obrigado. Depois de celebrar o IPO da mineradora, reduzindo a alavancagem da CSN ao menor nível em dez anos, e contratar sindicato para o IPO de cimentos, até o Banco Fibra – que já rendeu muitas dores de cabeça e R$ 1,4 bilhão em aportes do controlador – parece motivo de alegria.

Liderado por Arno Schwarz, sobrinho de Benjamin Steinbruch que trabalha no banco há oito anos, o Fibra se defendeu na pandemia – praticamente não houve renegociação de empréstimos com a prorrogação de prazo -, engordou a carteira de crédito e derrubou os índices de inadimplência.

“Não estamos com o PIB inteiro na carteira como um grande banco, o que dá mais facilidade para navegar”, afirma Schwarz, em entrevista ao Pipeline.

No balanço anual que acaba de ser divulgado, o índice de inadimplência caiu para 1,6% em dezembro – era 4,4% em 2019, o que ainda estava bem acima da média nacional. Agora, o Banco Fibra está ligeiramente melhor que o mercado. Em fevereiro, a inadimplência do crédito no sistema financeiro estava em 2,1%, segundo o BC.

Ao mesmo tempo em que o banco conseguiu melhorar a qualidade do crédito, a carteira saltou 41%, chegando a R$ 6,1 bilhões em dezembro. Quando excluídos os créditos tributários que inflaram o resultado do ano retrasado, o lucro líquido do banco quase dobrou, somando R$ 48,6 milhões.

Schwarz atribui a melhora à especialização do Banco Fibra. Após a incursão malsucedida pelo varejo nos anos Lula – a família precisou injetar recursos para sanar a aposta errada em financiamento de veículos e crédito ao consumidor -, o banco voltou às origens a partir de 2013, como atacado e financiador do agronegócio.

Com exposição mínima ao setor de serviços, evitou os sustos da covid-19 e conseguiu reduzir o saldo de PDD em 35%. Sob comando de Schwarz, o foco é emprestar a setores com os quais o grupo tenha conhecimento de causa. “Ficamos perto do que conhecemos. Nosso DNA é a proximidade com a indústria.”

No agro, que responde por mais de R$ 1 bilhão da carteira, a proximidade está gravada no nome do banco. Além da siderurgia, os Steinbruch fizeram fama na indústria têxtil, com a Vicunha. Desde então, conhecem como poucos os produtores de algodão.

O banco se especializou em comprar carteiras de recebíveis de multinacionais de agrotóxicos, liberando espaço para que as companhias de insumos continuem financiando os agricultores.

Sem se dispersar para áreas onde os Steinbruch não tem know-how, Schwarz tem a meta de superar R$ 7 bilhões na carteira em 2021, um crescimento mais modesto do que o

último ano e que não depende de recursos dos controladores. Ainda que a Basileia do banco esteja abaixo dos bancões, hoje em 12%, CDBs, LCAs e LCIs captados junto a pessoas físicas tendem a dar conta do recado.

https://valor.globo.com/financas/noticia/2021/03/12/pipeline-em-fase-boa-banco-fibra-faz-steinbruch-sorrir.ghtml

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